English


Where do kites live? Sometimes we need an outsider to be able to notice the beauty of our everyday lives. Throughout recent years, the Australian, Ben Burgess, has been building a relationship with Brazil. Having an interest in the particular circumstances of our country and noticing the similarities to his own. Kites, ordinary elements that are present in our every day lives, caught his attention. He dedicated himself to them during his one-month residency at Despina. Trialing, failing and succeeding. He leaned over the tissue paper, the sticks and glue to research the shape, the colour and moments of these objects. When we conversed in his studio, Ben told me how he liked to imagine himself leaning out his window, holding a kite, seeing the world. To take his window to the world, it meant to always build an opening in his fortress, a channel to see nature. A kite, a moveable element, that cuts the sky, is a continuation of a being. An element that hovers and moves in the air, that is controlled by its maker, thus the maker and nature become one. Like a puppet, the kite is active in the celestial space. It leaves marks and can cause damage. The person that constructs the kite on the ground draws in the sky, cuts other kites, constructs an architecture.

Ben Burgess took the construction of the kite as a meditative ritual and worked by his window to deepen his understanding of the city. He appropriated the colourful forms and the enigmatic nature of the ‘pipero’, making relevant the celestial movements that us, Carioca's, not always notice as routes. This championing, a language that belongs to this practice. His videos, poetry, and objects invite us to look to the sky for their tales and trajectory when they camouflage themselves in the sky.



Portugese


Onde vivem as pipas? Às vezes é preciso o outro para perceber a beleza do nosso cotidiano. Ao longo dos anos recentes, o australiano Ben Burgess vem construindo uma relação com o Brasil, se interessando por aquilo que identifica como particularidades do nosso país ou percebendo semelhanças com sua terra natal. E as pipas, elementos ordinários presentes no nosso dia a dia, chamaram a sua atenção. Dedicou a elas o seu mês de residência no Despina. Tentando, errando e acertando, se debruçou sobre os papeis de seda, varetas e cola para pesquisar a forma, a cor e o movimento a partir destes objetos. Em uma conversa no ateliê, Ben me contou que gostava de se imaginar de dentro de uma janela segurando uma pipa, vendo o mundo. Levar a sua janela pelo mundo significa sempre construir uma abertura em sua fortaleza, um canal para ver a natureza. A pipa, elemento móvel que rasga os céus, é o prolongamento do ser. Um elemento que paira e se desloca no ar e que é controlado pelo seu jogador, unindo a manufatura com o natural. Como uma marionete, a pipa é ativa no espaço celeste. Ela dança deixa rastros e pode até causar estragos. A corporalidade do pipeiro em terra desenha os céus, corta outras pipas, constrói sentidos e arquiteturas. Ben Burgess tomou a construção da pipa como um ritual meditativo e fez disso a sua janela para entender a cidade. Se apropriou das formas coloridas e enigmáticas do outro, revelando movimentos celestes que nós cariocas nem sempre percebemos - como rotas, campeonatos, linguagens pertinentes a essa prática. Seus vídeos, poesias e objetos nos convidam a procurar nos céus as rabiolas e trajetórias que se camuflam no céu.

Using Format